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Ligamento Cruzado Anterior

Ligamento cruzado do joelho

O que é o Ligamento Cruzado Anterior?

O ligamento cruzado anterior (LCA) é uma estrutura fibrosa que conecta os ossos do fêmur e da Tíbia. Este ligamento possui a principal função de estabilizar o joelho, principalmente nos mecanismos de rotação da articulação. Este ligamento é um dos ligamentos mais frequentemente lesionados durante a prática esportiva, principalmente em esportes de contato e que exijam mudança de direção constantemente como exemplos o futebol e handebol.

ligamento cruzado anterior (LCA) e o ligamento cruzado posterior (LCP)

Figura de uma peça anatômica demonstra o ligamento cruzado anterior (LCA e o ligamento cruzado Posterior (LCP)

O que sinto quando leso o ligamento cruzado anterior?

O LCA é lesionado na maioria das vezes durante práticas esportivas. Os mecanismos mais comuns de lesão do ligamento ocorrem com rotação do joelho com o pé fixo no chão. O trauma pode ocorrer com contato direto do adversário, ou mesmo ocorrer com rotação do joelho sem contato algum. Outro mecanismo possível, é quando o atleta estica demais o joelho (hiperextensão) frequentemente quando o atleta “fura” uma bola e chuta no ar. 

Os estudos mostram que mais de 90% das pessoas que lesão o LCA sentem ou até ouvem um estalo no joelho no momento da lesão. Após o trauma, o atleta não consegue retornar para a prática e após alguns minutos o joelho apresenta-se bastante inchado. 

Após a torção, recomenda-se que o paciente não pise no chão, faça gelo por 15-20 minutos e procure um especialista. Vale lembrar que após todo e qualquer torção do joelho, um ortopedista especializado deve ser consultado o mais rápido possível para afastar lesões mais graves associadas.

Lesão de LCA no futebol

O LCA é frequentemente lesadodurante prática de futebol,seja pelo contato direto entre os jogadores ou por mudança abrupta de direçãodos jogadores.

É necessário fazer cirurgia após ruptura do Ligamento Cruzado anterior?

Antes de responder esta pergunta, precisamos analisar os sintomas e objetivos de cada pessoa. Na maioria das vezes, as pessoas que rompem o LCA são atletas amadores ou profissionais e “viciados” em esportes como o futebol.

Nestas pessoas, que pretendem retornar as suas atividades esportivas, é recomendado realizar a cirurgia de reconstrução do LCA para que consigam retorno ao esporte no mesmo nível pré-lesão. No entanto, algumas pessoas não sentem instabilidade do joelho no dia-a-dia e estão dispostas a diminuir e mudar o ritmo de atividades físicas. 

Neste caso, é possível viver tranquilamente com a ruptura do (ligamento cruzado anterior) LCA desde que a pessoa não sinta instabilidade ou dor no joelho.

Como é a cirurgia do Ligamento Cruzado anterior?

A cirurgia do LCA é feita com pequenos cortes no joelho mediante artroscopia (cirurgia por vídeo minimamente invasiva). A cirurgia por artroscopia foi consagrada mundialmente devido as vantagens de ser minimamente invasiva, propiciar menos dor no pós-operatório e facilitar a visualização e posicionamento do ligamento. No planejamento pré-operatório, o cirurgião e paciente devem juntos discutir o tipo de substituto do ligamento, conhecido como enxerto. 

Os enxertos podem ser: Isquiotibiais (semitendíneo e grácil), Tendão patelar (parte central do patelar), Tendão de doadores,  as indicações dos enxertos variam muito entre os cirurgiões e não existe evidência suficiente na literatura para privilegiar um enxerto em relação a outro.

Em geral, tenho preferência por utilizar o tendão dos isquiotibiais devido a menores incisões e menor dor no pos-operatório. No caso de atletas de alto nível competitivo e profissionais, tenho preferência pelo ligamento patela

Enxerto Patelar e Enxerto Preparado

Figura 1: como o enxerto  patelar é retirado e preparado.  Figura 2: como o enxerto dos isquiotibiais é retirado e preparado.

No Brasil, já é possível conseguir a reconstrução com enxerto de doadores, porém o uso ainda é limitado.

Entretanto, a seleção do enxerto inclui mais fatores que devem ser levados em conta, a exemplo de lesões associadas, tipo de práticas esportivas, tendinites prévias entre outros. Ao iniciar a cirurgia por vídeo (artroscopia), todo o joelho é inspecionado para ver se alguma lesão associada é encontrada. 

Caso se encontre alguma lesão como do menisco ou da cartilagem, o tratamento é realizado no mesmo ato cirúrgico. Após inspeção e tratamentos iniciais, túneis ósseos devem realizados nos ossos da tíbia e fêmur com instrumentos específicos e de maneira minimamente invasiva.

O enxerto previamente retirado e preparado manualmente, passará por dentro destes túneis e fixado.

reconstrução anatômica do ligamento cruzado anterior

Figura do aspecto final da reconstrução anatômica do ligamento criazado anterior com duplo mecanismo suspensório. 

Veja este video sobre reconstrução do Ligamento Cruzado Anterior com enxerto de isquiotibiais / AAAOSM.

Veja animação da reconstrução do Ligamento Cruzado Anterior com enxerto de patelar/ AAAOSM.

Como o enxerto é preso no osso?

O enxerto do LCA pode ser fixado no osso com diversos dispositivos como parafusos e botões. Este processo é importante para que se evitem futuros afrouxamentos do ligamento reconstruído. Na maioria das vezes, tenho preferência por utilizar parafusos absorvíveis. A experiência do cirurgião tem papel importante na escolha do método.

Como é a fisioterapia após cirurgia do Ligamento Cruzanto Anterior?

O tratamento fisioterapêutico após a cirurgia de reconstrução do LCA deve primeiramente respeitar o tipo de enxerto e a técnica realizada para fixação deste enxerto. O objetivo da reabilitação é promover o alívio da dor, a redução do edema, a restauração da amplitude de movimento do joelho, o fortalecimento muscular gradativo e o retorno do paciente às suas atividades de rotina e esportivas, sem sobrecarregar os tecidos em cicatrização (novo ligamento). 

A fisioterapia deve ser individualizada e, nos primeiros dias, são recomendadas sessões diárias. De acordo com a evolução do tratamento, estas sessões podem ser espaçadas para duas ou uma vez por semana.

O que posso fazer no pós-operatório e o que devo evitar?

  • Fase 1 (1° semana): realizar gelo durante 20 minutos a cada 2 horas, de preferência com a perna estendida e elevada. Exercícios de contração leve a moderada do músculo da coxa e do quadril, com a perna estendida (exercícios isométricos). Exercícios de flexão (até 90°) e extensão do joelho, com apoio dos pés (cadeia cinética fechada). Caminhar com o apoio de duas muletas e com descarga de peso leve na perna operada, de acordo com o tolerável. Quando em repouso, EVITAR apoio embaixo do joelho (por exemplo, almofadas, travesseiros), pois esta posição pode estimular a rigidez da articulação. O correto é manter a perna estendida com um apoio no calcanhar.
  • Fase 2 (2° a 3° semana): Retirada da muleta do lado operado. Realizar a marcha o mais próximo do normal (sem mancar) e descarregar o peso total de forma progressiva. Exercícios de alongamento dos músculos posteriores da coxa. Os exercícios de fortalecimento muscular são gradativamente inseridos de acordo com o tolerável.
  • Fase 3 (3° a 8° semana): O paciente é encorajado a caminhar sem muletas. A amplitude de movimento deve ser completa (extensão total e flexão de aproximadamente 130°) e os exercícios de fortalecimento intensificados (com carga). Os exercícios de flexão (até 120°) e extensão total do joelho sem apoio do pé (cadeia cinética aberta) podem ser realizados de forma progressiva nesta fase. A bicicleta estacionária é liberada, bem como o treino de caminhada na esteira.
  • Fase 4 (2° ao 4° mês): aumento gradativo da carga dos exercícios. O treino de musculação pode ser inserido, sem sobrecarregar a articulação. Exercícios leves de equilíbrio na cama elástica podem ser iniciados.
  • Fase 5 (4° ao 6° mês): o programa de reabilitação é intensificado e inicia-se o treinamento específico de gestos esportivos, coordenação motora, reequilíbrio muscular e estabilização da articulação. Início de trote progredindo para corrida.

Em quanto tempo posso voltar a fazer de esporte após reconstrução do LCA?

A decisão de retornar ao esporte deve considerar a avaliação do médico e do fisioterapeuta em relação à amplitude de movimento e à força muscular do membro operado (especialmente os músculos da coxa e do quadril).

Esta avaliação é realizada, se possível, utilizando o aparelho Dinamômetro Isocinético, o qual permite uma análise computadorizada da força, potência e resistência muscular de forma precisa e objetiva, além de identificar os possíveis desequilíbrios entre os grupos musculares e facilitar as correções e o redirecionamento do programa de reabilitação, se necessário.

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